Dicas para evitar a ‘infodemia’ e a epidemia de notícias falsas

27/03/2020

Compartilhe:

Crédito da imagem: Journolink2019 on Visualhunt.com / CC BY

“Não estamos lutando só contra uma epidemia. Combatemos também uma infodemia”, afirmou Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), há algumas semanas, em conferência na Alemanha. A ‘infodemia’ seria uma espécie de epidemia de informações, entre as quais uma porção de informações falsas, um efeito colateral da pandemia causada pelo novo coronavírus que vai na contra-mão dos esforços de combate à doença e seus impactos na sociedade.

Em momentos de incerteza, é preciso ter ainda mais atenção com a qualidade da informação que chega até cada um de nós e que, eventualmente, passamos adiante. Compreender o que são e como funciona a dinâmica das notícias falsas e dos boatos que circulam especialmente na internet são habilidades essenciais ao exercício da cidadania e são noções fundamentais tanto para a segurança individual, quanto do coletivo.

Em 2018, antes mesmo da pandemia do Covid-19, a pesquisadora em direito e tecnologia no InternetLab Natália Neris conversou com o portal do Sesc São Paulo e fez um alerta sobre o papel de cada indivíduo nos fluxos de informações. “É importante que cada um de nós se veja como um ator muito responsável nesse processo. Existe uma fala muito comum entre nós: ‘ah, mas eu só compartilhei’. Na verdade, o ‘compartilhar’ não é ‘só’, o ‘compartilhar’ é muita coisa. Ele alimenta esse ambiente de circulação de notícias“.

Nesse sentido, é preciso ter atenção aos indícios de credibilidade (ou não) associados às informações que nos chegam pelas redes sociais ou mesmo no boca a boca.

  •  Se um conteúdo tem tudo a ver com o que você acredita, a atenção deve ser redobrada. Pois há o risco de passarmos adiante algo inverídico, sem nenhuma checagem, simplesmente porque confirma nosso ponto de vista.  
  •  O diálogo não-violento e o pensamento crítico são aqui fundamentais. Nem sempre nossas intuições apontam no caminho correto. É preciso ter humildade para pesquisar mesmo aquilo que “parece” fazer sentido.
  •  Conteúdos jornalísticos são produzidos a partir de dados, evidências e checagem de informação. Não devem ser confundidos com artigos, colunas, vídeos ou áudios que trazem uma mera opinião pessoal. 
  •  Embora veículos de mídia estabelecidos possam também cometer equívocos, é necessário conhecer o histórico dessa fonte de informação, se ela costuma trazer evidências sólidas na construção das matérias, se trabalha com dados referenciados e diversidade de entrevistados.
  •  Checar se uma notícia saiu em mais de um veículo de mídia estabelecido é uma estratégia importante para não circular meros rumores ou até notícias falsas.
  •  A reprodução de um texto ou mesmo de imagem circulando em redes socais sem o devido link para o conteúdo original, em um veículo estabelecido, deve acender um alerta. É possível que se trate de um conteúdo manipulado.
  •  Mesmo em um site, ter atenção à apresentação do conteúdo também pode ajudar na avaliação daquela informação. Há sites que procuram simplesmente imitar o nome, o endereço ou a aparência de veículos de mídia estabelecidos para sugerir credibilidade a uma notícia falsa.
  • Uma atenção especial à data de publicação original de vídeos, áudios e links de matérias é fundamental, pois algo fora de contexto pode levar a incompreensões. Infelizmente, tornou-se comum a prática de circulação de conteúdos de meses ou anos atrás simplesmente para gerar desinformação hoje.
  •  Erros de português e títulos chamativos ou sensacionalistas também costumam apontar para conteúdos suspeitos.

Na verdade, quando você olha uma notícia, você tem que ter um olhar quase de raio-X, no sentido de olhar título, layout, quem assina essa matéria – geralmente, [notícias em] portais e sites que não são confiáveis não têm autoria, não têm nenhuma forma de você entrar em contato, não têm e-mail, não têm nenhum tipo de verificação“, explicou Natália Neris em entrevista ao portal do Sesc São Paulo.

Ao tomar contato com um conteúdo em vídeo, áudio, foto ou texto, analise-o bem. Verifique a credibilidade das informações. Se algo lhe parecer duvidoso, não compartilhe.

Natália Neris no Espaço de Tecnologias e Artes (ETA) do Sesc Belenzinho | Foto: Danny Abensur
Natália Neris no Espaço de Tecnologias e Artes (ETA) do Sesc Belenzinho
Foto: Danny Abensur

>> Evitar a enxurrada de informações e notícias e se informar por fontes confiáveis é uma das orientações da OMS – Organização Mundial da Saúde para manter a saúde mental em meio à pandemia. Veja aqui os demais cuidados. 

Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.